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Há alguns anos o mercado notou que a expansão do setor elétrico não está mais centrada no mercado regulado como era feito há pouco mais de 10 anos. E cada vez mais esse ambiente responderá pelo crescimento da capacidade instalada por aqui, um reflexo disto são os leilões cada vez menores, por conta da declaração de necessidade em que das distribuidoras que buscam, no máximo, repor seus contratos para ter a demanda contratada, seguindo as regras do setor.

Nesse sentido, o que tem se visto em termos de novos negócios no país são acordos no mercado livre. Mas com a conjuntura de preços baixos – há cerca de um ano o PLD está no mínimo -, as taxas de juros elevadas no Brasil e no mundo associado ao aumento de custos de insumos, até mesmo PPAs de longo prazo estão dificilmente fechando as contas para viabilizar projetos. Assim, investidores têm procurado alternativas e modos inovadores para continuar a fazer negócios.

Com esse cenário em vista, o segmento de renováveis tem suas atenções atraídas, principalmente, para o ‘queridinho’ da transição energética atual, o Hidrogênio Verde e arranjos societários que tragam vantagem competitiva para a energia, como a autoprodução em sociedade com consumidores.

Márcio Trannin, Managing Director América do Sul da Sunco Capital, disse que as condições atuais têm dificultado a viabilização de projetos de geração centralizada no Brasil. “Apesar de vermos o capex que começa a recuar, os preços de mercado estão muito baixos porque o PLD está reduzido”, comentou ele no evento Energyear, que terminou nesta quinta-feira, 09 de fevereiro, em São Paulo.

Em função dessa dificuldade que é reportada por diversos agentes, os empreendedores estão recorrendo a outras formas de expansão. Uma das mais óbvias e que está na pauta de geradores é o hidrogênio verde que ajuda na expansão das fontes renováveis. Ainda mais em função da proximidade da realização do leilão do programa alemão H2 Global que será no mês de março.

Flávio Schuller, executivo da FRV, destacou que o Brasil pode ser um dos grandes beneficiários desse programa uma vez que o insumo produzido localmente é estimado como sendo um dos mais baratos do mundo podendo chegar, citando pesquisa da BNEF a US$ 0,55 por kg. As perspectivas nesse sentido, ressaltou são realistas e tomam como base o volume de negócios que tem sido visto na assinatura de acordos com portos como o de Pecém e o de Suape, com objetivo de exportar o energético. Mas reforçou que há também o mercado interno em aplicações como a agricultura e a indústria siderúrgica.

Outro caminho que foi apontado, o da autoprodução mostra que esse arranjo societário traz vantagens competitivas. Segundo Luiz Ballester, diretor comercial da Atlas Renewable Energy, há questões tributárias que essa formação pode ajudar reduzindo o custo da energia produzida.

“O consumidor final tem uma isenção substancial de encargos que faz parte da tarifa final que é formada pela tarifa de energia, tarifa fio, encargos e impostos. Ao ser isento nessa terceira parcela falamos de R$ 50 a R$ 80 por MWh de custo a menos é substancial”, revelou ele durante o evento. “A maioria dos contratos fechados no mercado livre no ano passado foram de autoprodução e essa continua a ser a tendência com viés positivo”, acrescentou ele que acredita em uma maior sofisticação desse mecanismo no futuro para atrair e atender não somente os consumidores de grande porte, mas também os menores.

Financiamento

Outro ponto que ele mencionou foi a perspectiva de PPAs em dólar que pode ser importante em busca de recursos por meio da diversificação geográfica de fontes de financiamento. Um movimento que foi proporcionado pela alteração da regulação do país.

Aliás o tema financiamento teve um painel só para discutir as perspectivas de financiamentos de projetos renováveis durante o evento. O PPA em dólar foi novamente mencionado, dessa vez por Joaquim Marques, Country Manager da Marathon Capital. Essa perspectiva, disse o executivo, tem atraído as atenções dos investidores estrangeiros.

Entre outras alternativas está a emissão de debêntures de infraestrutura que estão em um estágio mais maduro. Exemplo dado foi para o projeto Anemus Wind da 2W Energia com 100% financiado por meio desses títulos mesmo com uma grande diversidade de PPAs atrelados ao projeto, 190 acordos.

Essas ações representam a busca por alternativas e inovações na forma de captação de recursos para viabilizar os projetos. O Líder da Região da First Solar, André Balzi, lembrou que pelo fato de a empresa ter origem nos Estados Unidos, há o Exim Bank que dispõe de linhas específicas uma vez que a empresa não tem dependência do silício para seus produtos e nem à produção na China.

Lucas Lucena, gerente do Departamento de Produtos e Desenvolvimento de Cadeias Produtivas do BNDES, lembrou que a entidade registrou, por exemplo, cinco operações com o chamado back stop, uma modalidade em que o tomador dos recursos pode trocar a dívida caso consiga melhores taxas no mercado e assim reduzir sua alavancagem. Além de lembrar que o banco tem o PLD Suporte, linha lançada a alguns anos para o financiamento de projetos dedicados ao mercado livre.

Em geral, contudo, os agentes do painel lembraram que o BNDES ainda oferece taxas mais alinhadas com o mercado comercial. Por isso recursos junto ao BNB e até com o FNDE oferecem opções mais vantajosas, contudo possuem limitação de recursos, destacou Ricardo Lee, vice presidente de Project Finance do Santander.

Ricardo Barros, líder da Lightsource bp no Brasil, lembrou que além das questões de preço há barreiras físicas que é o gargalo da conexão que temos visto com o aumento da demanda ocorrida pela ‘corrida do ouro’ em busca do desconto do fio que a lei 14.120 proporcionou. Por  isso, lembrou que o leilão de margem de escoamento é bastante importante de ser realizado, ainda esse ano para ‘limpar’ a fila de projetos que realmente sairão do papel.

Esse ponto foi ressaltado pela coordenadora de assuntos regulatórios da ABEEólica, Bárbara Torres, que reforçou a necessidade de ser realizada a contratação ainda este ano. “Em princípio seria um mecanismo conjuntural, mas se o gargalo perdurar poderia ser uma forma oficial para organizar essa fila de acesso à transmissão”, finalizou.